Há um encontro íntimo e bem sucedido entre poesia e filosofia nos poemas de Michael Palmer, inclusive, nos que ele reuniu sob o título At Passages1 (Nas Passagens), que acaba de ser lançado nos Estados Unidos. Nascido em 1943, Palmer — que reside em San Francisco, Califórnia, com mulher e filha — é um “independent…
Categoria: Prosa Crítica
O POEMA ANTIFUTURISTA DE DRUMMOND
Os cem anos do futurismo italiano de Felippo Tommaso Marinetti (1876-1944), a depressão econômica em curso e a quebra iminente da General Motors – que já foi a maior empresa do mundo –, e também da Ford, trouxeram-me à tona um poema de Carlos Drummond de Andrade, estampado em seu livro de estreia, Alguma poesia, de 1930….
O PESADELO DO PODER DE CIVILIZAÇÃO: A UTOPIA BRASILEIRA DE MÁRIO FAUSTINO
Mário Faustino nasceu em 1930 numa cidade do Nordeste do Brasil chamada Teresina. Mudou-se, em 1940, para Belém, uma das capitais da Amazônia, ao lado de Manaus, onde completou os estudos secundários e se iniciou como jornalista. Em Belém, onde o Rio Amazonas faz pororoca com o Oceano Atlântico – o encontro das águas doces…
O PARNASO-MARXISMO
Para o parnaso-marxismo, o marxismo é uma tela protetora, eletrificada. Não se sofre – denuncia-se, se vê de longe. É a frigidez parnasiana. Michel Tournier encontrou um lapso na dedicatória das Flores do Mal. Nota que, quando Baudelaire envia seu livro a tal parnasiano, acaba se traindo, pois escreve “ao impecável poeta”, quando o desejo de…
O LEGADO DE OCTÁVIO PAZ
Octavio Paz, embora grande, foi um poeta inferior a Vicente Huidobro, Cesar Vallejo, Oliverio Griondo, aos prosadores Lezama Lima e Jorge Luis Borges, aos poetas brasileiros João Cabral de Melo Neto e Carlos Drummond de Andrade, mas, no entanto, alcançou um alto nível e foi um crítico excepcional, que projetou a América Latina no mundo,…
O fascínio pelo “literário” no Brasil
“Disillusionment of Ten O’ Clock”, do norte-americano Wallace Stevens (1879-1955), um dos gigantes da poesia no século XX, data de 1915. Trata-se de peça menor no conjunto de sua obra e é, aos olhos de hoje, um pouco óbvia no contraste entre a sensaboria local e a poética da imaginação dos viajantes. Intrigou-me ser ela…
O CAMP NOU OU POR QUE SE CALAM OS ESCRITORES CATALÃES?
Cheguei em Barcelona no dia 7 de outubro, vindo do “estelionato Paris”, e um dos lugares que programei para conhecer foi o Camp Nou, do Barcelona. Numa tarde ensolarada, peguei o metrô e fui realizar “um sonho”, porque, daqui do Brasil, ele é “vendido” como um estádio, para usar o clichê, de “primeiro mundo”. Glamour e estrelas!…
O ARTISTA CONFESSO
Embora notícia em todos os jornais brasileiros, o relançamento de Ocão sem plumas (1950) e o lançamento da antologia O artista inconfessável, de João Cabral de Melo Neto, ambos pela Alfaguara, no final de 2007, não foram objeto de nenhuma análise crítica, como se clássicos não fossem passíveis de releitura. Sintoma de que a crítica desapareceu, como já…
NOVELAS, DE BECKETT: À ESQUERDA DA MORTE
Novelas, de Samuel Beckett, reúne três textos provavelmente imaginados entre a parte final da Segunda Grande Guerra e a derrota do nazi-fascismo em 1945. Em julho de 1946, a revista Les Temps Modernes, dirigida pelos filósofos Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir, editou um trecho de “O expulso”. Há dois fatos da vida de Beckett…
NOTA SOBRE DRUMMOND
Gauche.”Vai, Carlos! ser gauche na vida”. Ser gauche na vida. Eis, para mim, a mais perfeita definição de poesia. Vai, ser gauche, na vida. E não em algum lugar pacificado, seja lá qual for. O verbo no imperativo, como se Carlos, sinônimo de ser, fosse um querelado, um criminoso. Vai, letra a letra, enredado em…