É bastante provável que Caetano Veloso vá votar em Marina Silva porque ela é (embora disfarce) criacionista, ou seja, não acredita na evolução das espécies, em Charles Darwin. O CD Zii e Zie (2009) não fez sucesso. O filme Coração vagabundo (2009) idem. Veloso não produz nada digno de nota há – seguramente – duas décadas. Seu momento pós-tropicalista é…
Autor: Régis Bonvicino
BOTELHO DE OLIVEIRA: UM COADJUVANTE DE GREGÓRIO E VIEIRA
Leio Música do Parnaso, de Manuel Botelho de Oliveira, em edição fac-similar acompanhada de estudo crítico de Ivan Teixeira. Uma das razões da reedição da obra, no dizer de Teixeira, é o trecentésimo aniversário de seu lançamento ocorrido em 2005. Antes de entrar na avaliação do livro, cabe situá-lo e a seu autor no tempo,…
BORGES: O POÉTICO E A POESIA
Há uma confusão entre “poético”, “poesia” e “poema”. As pessoas se sentem ou querem estar próximas do que se chama de “poético”. O “poético” é quase sempre vago, impreciso — um espaço de despercepção. A poesia, ao contrário, é o território onde aparecem as coisas que os desatentos não percebem. O primeiro livro de poemas…
BAKHTIN, O CORPO, CREELEY E GIRONDO
Poemas do argentino Oliverio Girondo (1891 / 1967) e do norte-americano Robert Creeley (1926) serão trabalhados, criticamente, a partir de certas observações e construções teóricas de Mikhail Bakhtin, de “A cultura popular na idade média e no renascimento” 1. Este pequeno ensaio vai procurar mostrar que, em autores de línguas e gerações diversas, os “destroços…
AS SIBILAS DE HENRIQUETA LISBOA
Este não é apenas o ano do centenário de nascimento de Cecília Meireles. É, também, o ano do centenário de nascimento de uma outra grande poetisa, bem mais imerecidamente esquecida : Henriqueta Lisboa. Lisboa nasceu em Lambari, Minas Gerais, em 25 de junho de 1901 e morreu em 9 de outubro de 1985. Estreou em…
A VANGUARDA QUE SE ENCARNOU NA HISTÓRIA
“Serão videntes demais ninguém?”, indagava o poeta argentino Oliverio Girondo, em um dos fragmentos de “En la Masmédula” (anos de 1950). Vem-me à tona tal pergunta diante de um livro de, na verdade, poetas-videntes como este “Poesia Russa Moderna”, que oferece ao leitor brasileiro, em sua sexta edição, ampliada, peças não só fundamentais mas fundantes…
A QUERELA DO BRASIL
O relançamento de “A Querela do Brasil”, de Carlos Zilio, quinze anos depois, o afirma como imprescindível para a compreensão não só das artes plásticas mas de toda a cultura brasileira, que se formou a partir do Modernsimo de 1922. O volume desvenda tópicos que permanecem pouco trabalhados.Por que a poesia norte-americana é hoje das…
A MPB NO LIMBO
Recebi edição especial da Bravo, patrocinada pela CPFL/Energia, com o ranking das cem canções “essenciais” da MPB. A Bravo é a única revista decente que se dedica à cultura e à indústria cultural no país. Ela é superior aos cadernos diários de alguns jornais, voltados exclusivamente para a indústria do entretenimento, sem qualquer visada ou mediação crítica. A CPFL…
A IMPROVÁVEL POESIA DAS AMÉRICAS
Os Estados Unidos são a grande potência mundial, desde o fim da Segunda Guerra, condição reafirmada, em 1991, com a extinção da União Soviética. Falar então de uma “poesia das Américas” é, em certa medida, falar de uma poesia da centralidade. Os ganhos advindos da força de seu capitalismo projetaram seus poetas no mundo todo. Deu-se a…
A IDÉIA TOTALITÁRIA DE “CANÔNE”
O primeiro volume da “Anthology of World Poetry of the 20th Century”, que acaba de ser lançado nos EUA (Green Integer, 199 páginas, $15,95), organizado pelo dramaturgo, poeta e ensaista Douglas Messerli, de Los Angeles, surpreende como ato crítico, em si. O editor rompe, no caso, com visões predominantemente anglocêntricas, como as de Harold Bloom,…