Portuguese, Spanish and English, translations by Odile Cisneros
ETC
Tateava um morteiro
& seu alcance,
a lâmina do radar
& sua rede
flexível
sondava o ânimo,
clandestino, de um elmo
seu afã
mira & diâmetro
sob o arco aceso da madrugada
me sentia só
ao som das teclas de um piano
apontava para o céu,
serena luz, longínqua,
via, apenas,
os seus braços
na parede do quarto
lâmpada repousava
o espaço,
horizonte & cápsulas
sigdasys sugavam cabeças
decepadas & a estrela extraordinária
riscava-se,
em cores opacas
ETC (2)
Tentava apanhar a flor
meia-parede
braço entre as grades
tentava
alcançar a haste
verde da cósmea
consolo do sol ou azul do miosótis
na ponta dos dedos
pétalas brancas do narciso,
em si incólumes
além do muro
um caule ostentava folhas enormes
golpeava uma constelação
inútil, firetalk,
com aparência de duna
talvez fosse pantera
& não apenas idéia
que se transfigura
& toca seu próprio núcleo
sólido, estrelas pousavam
em meu olho, como um aporte
punhaladas no corpo,
paleta, nódoa
& salva de galopes
ETC (3)
Tentava seguir, passos
vozes, no mármore
folha, vermelha, do ácer
nesta parede, do The Art …
ou no jardim da casa de
Frank Lloyd Wright em Oak
Park, do verde, tênue,
glauco captar
a cor do céu,
tentava entender o sol
folhas amarelas
esplêndidas ainda com seiva
observando numa rua
qualquer na verdade cor do ouro
em contraste
daqui a pouco secas
concorrendo
com o outono, vermelhas
como um pôr-do-sol
de bolso
na moldura inox,
antes de cair,
uma garota de cabelos vermelhos
talvez Nolde
Chicago, outubro de 2000
ETC (4)
Tentava entender a figura
do cavalo amarelo
no Museu de Arte …
manhã, no Parque
(bicos-de-papagaio avançando para
além do muro, outra rua,
folhas de sangue)
tentava captar, o possível
estrela, cascos-labareda,
lobo & esquilo,
únicos & mútuos,
& um tipo quase de buda
cavalo farejando
nuvem, olhar atento,
boiando, rajadas de
vermelho, no céu, pétalas
do flamboyant
tentava entender a luz
& seu cavalo alto
a cor & seu cavalo mudo
num quadro
pintado de Nolde
além da janela
talvez chova talvez faça sol
São Paulo, novembro de 2000
SEXTO POEMA
Sob a ira das víboras
na agonia das cortinas
onde atiravam pedras
no aterro de mim mesmo
meses a fio
o veneno de acônitos
no atear-se fogo
no açular o nervo do açúcar
querer algo além dos cômoros
SÉTIMO POEMA
Silêncio é forma
contar é ato
livre, imprevisto
traço de luz
ele se aquieta
contraste & vulto
que rompe súbito
em outra véspera
voz das camândulas
no livre curso
lis de petúnias,
fisionomia,
muda, da sombra,
& os avelórios
cortando os dedos,
a cada conta
para Claude
SEM TÍTULO (1)
Minas, silenciadores, a dissolução prévia do corpo, nadis, flama, recôndito, Sundevil, Léxis-nexis, arpa, sard, cisa, carmina, estrondos, satcoma, satélites, retratos na parede, capricórnio, gama, gorizont, ISSO, parasita, morgancanine mantis, ionosfera, reflexo, & o surto de outras figuras, batedores, white noise, sexo, enseadas, Speakeasy, colmilho, miras estriadas, os ópios de emergência, e um vento, índigo, explosivo, mania, gases úteis para o exercício diário da vida, janela, Bubba, the Love Sponge, onde pousava, de madrugada, a brisa
SEM TÍTULO (2)
Na virtude dos músculos, dias diamantinos, no frêmito de ser & quando efetivo, na força das vigas, no ânimo de paredes, erguidas, gerânios no canteiro, tijolo, um a um, firmes, fio avariado, pupilo de um suicídio, alento de silhueta, na derrocada da cor, estilhas de vidro, aranhas na cama, sol em surdina, persistindo, no tumulto de pancadas, cúpulas, ópio hipnótico, clemência dos meses, brio de ladrilhos, lâmpadas sob o teto, o alento em si do vento no flagelo da janela e demais utensílios, déspota de portas, escombros do cômodo, caliça, verdugo de seu próprio muro, maciço.
SEM TÍTULO (3)
(Between, entre)
Lately, I’ve seen stars with motors in the sky, from my window, vejo estrelas com motores no céu, da janela de minha sala, a kind of report of the bent wind’s gust, um tipo de relato do golpe de vento, butterflies come back to me as, borboletas voltam para mim como primers atiradores detonators gatilhos sniping apara motorcade “parada” silver nitrite nitrito de prata fulminating fulminate grenades granadas incendiary incendiário Termites Cupins fuhreee jacks avião spookwords verbo-espectros not with flashbangs sussurros DIA DIA meteors bólides SASSTIXS SASSÂNIDAS reflection reflexos pixilated aloprado Dictionary Dicionário daysy êxtase Iris Arco-íris jack of all trades pau para toda obra remailers saros TEXTA TEXTA fake traiçoeiro Sara sarracenos Saratoga trunk ventó sphinx esfinge tattoed jasmine jasmim nonac negar-se time tempo water lilies nenúfares imagery a forma definitiva do inseto silent that Starr cale aquela estrela stego stego Bob pêndulo ou isca parvus tolo condor condor Shipload Carga Eden Delícia firefly vaga-lume joe pincel osco passadores lanceros soldados illuminati iluminados lamma ou musgo zero zero prime aurOra life vida
what is left
to my light
o que se deixa
para a luz
para Douglas Messerli
SEM TÍTULO (4)
(Fanti-Axanti)
Caras-douradas, monos-carvoeiros, iguanas, tiês incandescentes, bromélias, orquídeas, saíras, do cimo das árvores, araras, precipitam-se: berloques, chircas, tônis, jias, néticos, Avi Shelter!, no Mar da Ligúria, Cúpula-cáfila, de réplicas – abatis, por mísseis e cifras – contra o plus, o sm@sh, o black – aqui, no Sul, o vento alastra o fogo, o fogo queimando a Mata – Gênova, disparos, balas na cabeça, o corpo esmagado pelo jipe, dos carabinieri – punk bestia!, Alimonda, estigma decapitado, agora, “alcoólotra, amigo das drogas” (Fa Lun Gong, calado! e os da Coca-Cola, na Colômbia, atraidos, assassinando) YA Basta! contro li alieni, lábaros e carros incendiados, vitrines destruídas – o corpo, respect!, vômito & os da tribo bux nígrous, livres, em algum lugar, recôndito, das florestas das Guianas reanimando, escombros
21.07.01
ANIVERSÁRIO
O que fiz do tempo
êxito ?
De acácias paralelas
agora em fevereiro
talvez o da … mirra
a anunciar a sina –
tigres famintos em busca da presa;
a estátua, de kanisha
cessaram os sapatos com a vida
I have been overkilled by my peers
o que digo
enigma?
(da janela, os automóveis, fluindo
kanisha é Ganesha,
um deus da Índia,
estátua, carniça!)
·
o nada transmigra
o bodisatva mija
o buda mijava
quando não era argila
ACONTECIMENTO
1
Timbre áspero. Ângulo vivo do vento. Sol para magnólia. Chuva para cacto. Crótalos para cobra e cauda de guizo. Rotação e traslação, desmedidas. “A” para coisa e estrela e para calar e para ex. Mera passagem em si, para seguir. As cinzas de um mapa queimado. Estacas para mônadas. Atalho para alado. Detargo, o vulto precipitado anula a asa do dragão
2
Lento para sol. Lento que expõe o azul. Cicio para silêncio Silvo para calado. Força para fluxo, magnético, onde a estrela atrai a noite. Noite para estrela. Estrela para sol. Mútuo para azul e cor, distantes. Ritmo para noite. Sol para luzes e nuvem. Nulo para azul. Azul nulo para espaço. Coisa e sombra mais adiante
ACONTECIMENTO (2)
(Little wing)
Entre nuvens
halo
que se dissipa
rápido
lilás
raio de lua
e contos de fadas
borboletas e zebras
– só – na sala,
ouvindo música,
asa, que se abre
(torna-se visível)
e me socorre
ventura, êxtase
movimenta-se
no vento e passa
ACONTECIMENTO (3)
Hoje é domingo ontem foi sábado, dia 1o de janeiro será feriado porque ouço música na sala e a lua não estará em um novo quarto, a semente é vermelha e dura, a madeira é escarlate, a semente é de madeira: vermelha e negra, de uma única fruta; a semente não cai da árvore, a semente tem asa, a semente tem pêlos, a semente é um pássaro de pena escarlate, a semente é madeira, que acorda nas grunhas, nos hortos e, uma vez, acordou na praia de Trindade; (há outros poucos tipos de semente de tenteiro, um deles, casca, da vagem, marrom, âmago, amarelo, vivo, e a semente é vermelha, rutilante, a vagem, sinuosa, vai secando), a semente só cai da árvore depois de no mínimo dois anos – a semente é lenha, a semente é fogo, a semente é vermelha, cinza, nas terras úmidas do Pará, é estrela, mucunas, buiuçu, ou, aqui, no sul, olho de cabra, tanto faz, a semente é colar, da árvore, flores só a intervalos de vários anos, (um vaso, no canto da sala, agora num silêncio sibilino, sinistro), pétalas negro-violáceas, algumas vezes mais claras fugazes
dezembro, 30, 2001
QUARTO POEMA
(Canalha densamente canina)
Flores exalam medo,
cólera de cor,
magnólias exalam silêncio
tulipa intimidada,
o idioma dos medos
folhas caducas
das calêndulas sem janeiro
remorso do cosmos
de ter vindo ao sol
a rosa e seu
perfume, seco
sombra
apavorada de begônia
azul de hortênsia,
visgo arredio,
tenso
crisântemo em pânico
pétalas vermelhas do rododendro
trêmulas não
do vento
NO BECO DO PROPÓSITO
a estrela desaproveita
o sol queima lâmpadas à noite
o flamboyant
entrando no telhado da casa da esquina
tem favas pretas, & semente,
manhã azul
pétalas vermelhas de vênus
no muro,
o arbusto se ergue, esguio, da pedra
como vulto
um cão, de passagem, rói um osso
os cravos cheiram muito
para a Bruna
Paraty, 12/7/2000
COM A BRUNA
(ela aos 8 anos)
Ao atravessar o parque
folhas sob os pés
pisando, em mim, o outono
CANÇÃO (6)
Mais um golpe impunha dobras
na cova das olheiras
ninguém que me guardasse a porta
como um cão
Cadáver de suicídio,
naquela manhã suave de abril,
do vômito em jorro,
apagando qualquer
vestígio de flor em meu corpo,
Calúnia acéfala,
folhas amarelas do jacarandá,
cabeças ruivas das nipéias
a casa em declive de lua, iluminada
por um sol de hemisfério
búgulas, de vacilantes chamas azuis
verdade ou música?
(trapo do tempo
e de tanto desprezo,
o roxo tombo,
da verdade em peso)
para Alva Flôr, in memoriam
ABSTRACT (2)
Gaivotas caindo na água
em Niagara, verde.
Esgotam-se os dólares.
Um homem dormia num vão
numa esquina da Lexington
na calçada
da Collaborative High School –
School of the Future –
entre a porta de vidro
e as telas de arame,
caixas de papelão,
uma espécie de abrigo
(cigarros pisoteados),
“Visitors: no trespassing”
Ele não obedeceu ao aviso
Em Manhattan, só o rato é democrático
13/9/2002
VARIAÇÃO HORACIANA
O esqueleto do morcego é um dejeto
Inóbvio
Diante do espelho
Avança
Sob a pele
Do meu próprio
Esqueleto de morcego
Dejeto inóbvio
Diante do espelho
Avanço
Sob a pele
Do meu próprio
ANTIMUSEU
Ócio, verão exuberante, a poça, os dois canários bebendo água na poça, um abacaxi, a fruta coroada, apodrecendo na grama, o mangue, céu nublado, uma garça no mar, porque, daqui a pouco, terei as horas contadas, (os minutos contados), os dias contados
agora, da janela do quarto, magnólias, a exuberância do verão, que a chuva aflora, chuva da tarde, as doze pétalas da guzmania lingulata estrela, laranja e verde, o elã das plantas, rutilantes gladíolos, agapantos, vaganas, zebrinas, o que cai com a chuva, cavalo, parado, horizonte, primaveras se largam, para além dos muros, nuvem e o que se move por tais linhas
entre a foz do rio e o mar, no mangue, há árvores perto do cavalo, moita de cães, terra firme?, o cavalo pastando sob a chuva, angélicas, rente ao chão, tritomas altivas para alívio de um raio, amarílis, curcumas, lírios, o sal da lua nas ruas ainda vazias, palmeiras, o vento nas palavras, pio, esparso, pássaros, e ela não mais jorra, pelos telhados, a água, o que não passa com a chuva
Paraty, 22/1/2003
QUASE
Em mais uma troca
oca de mim para mim
mesmo entretanto oscilei
e o silêncio revidou
subi um degrau
reverso visível
como que num encanto
sapos no estômago
ratos nas entranhas
pus na medula
Duro como ferro
e inexpresso
cavei um espaço
no mármore
um bálsamo não me alçou
emérito despedido
o sol do dia
finalmente me persuadiu
à tarde, no Jardim Botânico
Poesia Pura,
Floribunda,
haste com espinhos –
vermelha, branca
rosíssima, como flor
A NUVEM
A nuvem é um espaço
abrupto. Um céu brusco
É um espaço muito
pouco firme e úmido
quando chove
é um espaço acústico
Espaço que se funde
(um abutre atravessa uma nuvem)
o raio rompe, ignívomo,
vômito de fogo,
o céu nublado da janela
do edifício no crepúsculo fulvo
um céu de rosas adunco
o vento traga as nuvens
êxtase
É um espaço vizinho
pó de meteoros e abismo
não está ao alcance do úmero
ou das mãos
É um espaço aflito
apátrida
para a chuva, as cifras e o cacto
lua ao meio-dia
É um espaço inútil
do ponto de vista de um número
É o espaço último
quando um míssil
noctilucente triste lúgubre
para a Vera Barros
. . . . . . . . . .
ETC
Feeling a mortar
& its range
the radar’s plate
& its scope
supple
probing the secret
soul, of a helmet
& its toil
aim & scope
under the sunlit arch of daybreak
feeling alone
to the sound of piano keys
pointing to the sky
quiet light, distant
seeing, only,
arms
on the wall of the room
light bulb resting
space
horizon & capsules
sigdasys sucking heads
severed & the memorable star
blotted out
in dull shades
ETC (2)
Trying to seize the flower
half-wall
arm between bars
trying
to reach the green
trunk of the cosmea
solar consolation or miosotis blue
on my fingertips
white petals of a daffodil
intact in themselves
beyond the wall
a stem flaunted gigantic leaves
beating on a constellation
useless, firetalk,
with the semblance of a dune
perhaps it was a panther
& not simply an idea
that transfigures
& touches its own center
solid, stars alighted
on my eye, as an accrual
stabs on a body
palette, stain
& burst of galloping
ETC (3)
Trying to follow, steps
voices, on the marble
red, maple, leaf
on this wall, of The Art
in the garden of
Frank Lloyd Wright’s house in Oak
Park, of green, faint
blue-green, to capture
the color of the sky
trying to understand the sun
yellow leaves
luxuriant still with sap
observing in a street
any really color of gold
in contrast
soon dry
competing
with autumn, red
like a portable
sunset
in a rustproof frame
before falling
a red-headed girl
perhaps Nolde
Chicago, October 2000
ETC (4)
Trying to understand the shape
of the yellow horse
in the Art Museum …
morning, in the Park
(red flowers moving forward
beyond the wall, another street
leaves of blood)
trying to capture, the possible
star, hooves-ablaze
wolf & squirrel
single & mutual
& almost a type of buddha
horse sniffing around
cloud, attentive eye,
vacillating with streaks
of red, in the sky, petals
of the flamboyant
trying to understand the light
& its tall horse
the color & its mute horse
in a painting
by Nolde
outside the window
perhaps there’s rain, perhaps sun
São Paulo, November 2000
SIXTH POEM
under the wrath of vipers
in the agony of curtains
where they cast stones
on the embankment of myself
months on a shoestring
the poison of aconites
in the kindling of fire
in the instigation of a mellow core
wanting something more from the dunes
SEVENTH POEM
silence is form
counting an act
free, unforeseen
trace of light
he quiets down
contrast & shape
that suddenly breaks
into another vespers
the voice of the rosary beads
in the free course
petunia lily,
physiognomy
mute, from shadows,
& the glass beads
cutting fingers
at each count
for Claude
UNTITLED (1)
In the virtue of muscles, adamantine days, in the quivering of being & when effectively, in the force of beams, in the soul of walls, erected, geraniums of the patch, brick, one by one, firm, damaged wire, disciple of a suicide, vigor of a silhouette, in the demolition of color, glass splinters, spider on the bed, sun, muted sun, persisting in the din of blows, cupolas, hypnotic opium, mercy of months, fire of bricks, light bulbs on the ceiling, the breath in itself of the wind beating windows and other tools, despotic to doors, rubble of the room, plaster debris, executioner of its own wall, massive brickwork.
UNTITLED (2)
Mines, muffler, the previous dissolution of the body, nix, flame, recondite, sundevil, Lexis-Nexis, harp, sard, see-saw, carmine, satcoma, satellite, portraits on the wall, Capricorn, blast, gamma, gorizon, ISSO, parasite, morgancanine, mantis, ionosphere, reflex, and burst of other shapes, front-line fighter, white noise, sex, inlets, Speakeasy, canine, blurry target, emergency opiates, and a wind, indigo, mania, gases useful for the daily practice of life, window, Bubba, the Love Sponge, where at daybreak, the breeze would alight.
FOURTH POEM
(DENSELY CANINE JERK)
Flowers let off fear
color rage
magnolias let off silence
nervous tulip,
fear languages
crazy leafs
of calendula with no January
remorse of the cosmos
for having arrived at the sun
the rose and its
scents, arid
terrified
shade of begonia
hortencia’s blue,
recoiling vine,
tense
chrysanthemums in panic
red petals of rodondendrum
stirred
not by wind.
THE ALLEY OF INTENT
A star does without
A sun discharges lamps at night
flamboyants
board the roof of the corner home
there are black legumes, & seeds,
blue dawn
red fronds of venus
on the fence,
from the stone, a bush startles, tall,
like a shade
a dog in passing chews a bone
carnations smell a lot
for Bruna – Paraty, 12/7/2000
THE CLOUD
The cloud is a sudden
space. A blunt sky
A space hardly
firm and moist
with rain
it’s an acoustic space
a space that melts
(a vulture piercing a cloud)
lightning strikes, igniferous,
vomit of fire,
the cloudy sky through the window
of the building in the crimson twilight
an arching sky of roses
the wind brings the clouds
ecstasy
It’s a neighboring space
meteorite powder and void
is not within reach of the humerus
or of hands
It’s a suffering nomad
space
for the rain, the ciphers, the cactus
moon at midday
It’s a useless space
from the point of view of a number
It’s the final space
when a missile
noctiluminous sad
somber
for Vera Barros
. . . . . . . . . .
ACONTECIMIENTO
1
Timbre áspero. Ángulo vivo del viento. Sol para magnolia. Lluvia para cactus. Crótalos para cobra y cola de cascabel. Rotación y traslación, desmedidas. “A” para cosa y estrella y para callar y para ex. Simple pasaje en sí, para seguir. Las cenizas de un mapa quemado. Estacas para mónadas. Atajo para alado. Detargo, el rostro precipitado anula el asa del dragón.
2
Lento para el sol. Lento que expone el azul. Susurro para el silencio. Silbido para callado. Fuerza para flujo, magnético, donde la estrella atrae la noche. Noche para estrella. Estrella para sol. Mutuo para azul y coloro, distantes. Ritmo para noche. Sol para luces y nube. Nulo para azul. Azul nulo para espacio. Cosa y sombra más adelante
CUARTO POEMA
(Canalla densamente canina)
Las flores exhalam miedo
cólera de color,
las magnolias exhalam silencio
tulipán intimidado,
lenguaje de miedos
hojas caducas
de las caléndulas sin enero
culpa del cosmos
de haber visto el sol
la rosa y su
perfume, seco
sombra
pavorida de begonias
azul de hortensias
trampa distante,
tensa
crisantemo en pánico
pétalos rojos del rododendro
trémulas no
del viento
EN BECO DO PROPÓSITO
La estrella desaprovecha
el sol quema las lámparas de noche
el flamboyán
entrando en el techo de la casa en la esquina
hay habas negras, & semillas,
mañana azul
pétalos rojos del hibisco
en la pared,
el arbusto se yerge, delgado, de piedra
como rostro
un perro, de paso, roe un hueso
los claveles huelen bien
para Bruna
Paraty, 12/7/2000
CON BRUNA
(ella a los 8 años)
Al atravesar el parque
hojas bajo los pies
pisando, en mí, el otoño
CANCIÓN (6)
Un golpe más imponía pliegues
al hueco de las ojeras
nadie para hacer guardia a mi puerta
como un perro
Cadáver de suicidio,
en aquella suave mañana de abril,
del vómito en torrente
borrando cualquier
vestigio de flor en mi cuerpo,
Calumnia acéfala,
hojas amarillas de la jacaranda,
cabezas rubias de las nipeas
la casa en declive de la luna, iluminada
por un sol de hemisferio
búgulas, de vacilantes llamas azules
¿verdad o música?
(jirón del tempo
e de tanto desprecio,
el violácio tumbo,
de la verdad en peso)
para Alva Flôr, in memoriam
ACONTECIMIENTO (3)
Hoy es domingo ayer fue sábado, el primero de enero será día de fiesta porque oigo música en la sala y la luna no estará en cuarto creciente, la semilla es roja y dura, la madera escarlata, la semilla no es de madera: roja y negra, da una fruta única; la semilla no cae del árbol, la semilla tiene alas,la semilla tiene vellos, la semilla es un pájaro de plumas escarlatas, la semilla es madera, que despierta en las cuencas, en los jardines y, una vez, se despertó en la playa de Trindade; (hay algunos otros tipos de semilla de tenteiro, una de ellas, cáscara, de la vaina, marrón, grano, amarillo, vivo, y la semilla es roja, rutilante, la vaina, sinuosa, se va secando), la semilla sólo cae del árbol después de un mínimo de dos años – la semilla es leña, la semilla es fuego, la semilla es roja, grisa, en las tierras húmedas de Pará, es estrella, mucunas, buiuçu, aquí, en el sur, ojo de cabra, no importa, la semilla es collar, de árbol, flores sólo en intervalos de varios años, (un florero, en una esquina de la sala, agora en un silencio sibilino, siniestro), pétalos negros-violáceos, a veces más claros fugaces.
30/12/2001
ABSTRACT (2)
Gaviotas cayendo en el agua
en Niágara, verde.
Se se agotan los dólares.
Un hombre en un hueco
en una esquina de Lexington
en la acera
de la Collaborative High School –
School of the Future –
entre la puerta de vidrio
y las telas de alambre
cajas de cartón,
una especie de refugio
(cigarro pisoteados),
“Visitors: no trespassing”
Él no obedeció la señal
En Manhattan, sólo las ratas son democráticas
13/9/2002
VARIACIÓN HORACIANA
El esqueleto del murciélago es un desecho
Inobvio
Delante del espejo
Avanza
Sobre a piel
De mi propio
Esqueleto del murciélago
Desecho inobvio
Delante del espejo
Avanzo
Sobre la piel
De mi propio
ANTIMUSEO
Ocio, verano, exuberante, el charco, los dos canarios bebiendo agua en el charco, una piña, la fruta coronada, pudriéndose en el pasto, un manglar, cielo nublado, una garza en el mar, porque, dentro de poco, tendré las horas contadas, (los minutos contados), los días contados
ahora, de la ventana del cuarto, magnolias, la exuberancia del verano, la lluvia aflora, lluvia de la tarde, los doce pétalos de la guzmania lingulata estrella, naranja y verde, el impulso de las plantas, gladiolos rutilantes, agapantos, vaganas, cebrinas, lo que cae con la lluvia, caballo, parado, horizonte, primaveras se marchan, más allá de los muros, nube y lo que se mueve por esas líneas
entre la boca del río y el mar, en el manglar, hay árboles cerca del caballo, jauría de perros, ¿tierra firme?, el caballo pastando bajo la lluvia, angélicas, al ras del suelo, tritomas altivas para alivio de un rayo, amarilis, cúrcumas, lirios, la sal de la luna en las calles aún vacías, palmeras, el viento en las palabras, pío, disperso, pájaros, e ella ya no mana, por los tejados, el agua, lo que no pasa con la lluvia
Paraty, 22/1/2003
CASI
En un hueco
trueque más de mí a mí
mismo mientras tanto oscilé
y el silencio replicó
subí un escalón
reverso visible
como en un encanto
sapos en el estómago
ratas en las entrañas
pus en la médula
Duro como hierro
e inexpreso
cavé un espacio
en el mármol
un bálsamo no me alzó
emérito despedido
el sol del día
finalmente me persuadió
de tarde, en el Jardín Botánico
Poesía Pura,
Floribunda,
tallo con espinas –
roja, blanca
rosísima, como flor