Régis Bonvicino estreou-se com Bicho Papel, em 1975, inaugurando um percurso poético que se desenvolve a caminho do despojamento: o autor parte de um objecto ou episódio do quotidiano, do literal, que a observação externa vai mastigando e reduzindo a uma estrutura mínima nuclear — no que diz ser um contínuo abandono de referências estéticas e literárias, uma busca para ver o presente no presente.
Atinge a maturidade com Ossos de Borboleta(1996). (…). Bonvicino reitera a alta qualidade de sua voz poética com Céu-eclipse. (…). Tem feito um trabalho notável como tradutor de americanos com Creeley, Douglas Messerli, Charles Bernstein e principalmente Michael Palmer, com quem lançou este ano Cadenciando-um-ning, um samba para outro. É notável o seu esforço de divulgar a poesia brasileira jovem de inovação, no Estados Unidos — Nothing the sun could not explain (1997). Trata-se de uma coletânea em que entra em conversa com o contemporâneo, inclusive, internacional, criando novas geografias e histórias.
Expresso, Lisboa, junho de 2001