Vem de sair Poetas Franceses da Renascença (Martins Fontes), com seleção, apresentação e tradução de Mário Laranjeira, tradutor que, há pouco mais de meia década, já havia oferecido ao público brasileiro Poetas de França hoje, uma extensa e cuidada antologia de poesia contemporânea, autores vivos, a única existente no circuito brasileiro, sempre muito avesso, por…
Categoria: Prosa Crítica
ALGUMAS TENSÕES NA FIGURA DE HAROLDO DE CAMPOS
Haroldo de Campos, morto no último dia 16 de agosto, aos 73 anos, foi um poeta que operou no paradigma internacional-erudito em contraposição ao nacional-popular, um dos vetores do século XX – um século onde os artistas perseguiram, como uma obrigação imposta pelos ideólogos marxistas, a idéia de “povo”. Esta operação custou-lhe o preço, em…
MEU TIO ROSENO, A CAVALO DE WILSON BUENO
Laríope é o nome de uma das irmãs do personagem Roseno, de Meu Tio Roseno, a cavalo, o mais recente livro de Wilson Bueno. Laríope é variação evidente de Líriope, a ninfa, que, como nos ensina Juanito de Souza Brandão, não escapou da insaciável energia sexual do rio Cesifo. Os dois são pais de Narciso,…
POESIA COMPLETA DE RAUL BOPP
Oportuno reiterar a qualidade da organização desta Poesia Completa, de Raul Bopp, feita por Augusto Massi, e reafirmar, sempre, a importância de sua iniciativa, que, a partir de minuciosa pesquisa, fixa todo o conjunto do trabalho do poeta, pela primeira vez, libertando-o, por assim dizer, da pecha de autor de um só livro, “Cobra Norato”,…
SOBRE JÚLIO BRESSANE
Cine Marachá,Rua Augusta,talvez 1973.Talvez 1974.A figura de Julio Bressane,sentado numa poltrona.Haroldo de Campos e mais um par de amigos( Péricles Cavalcanti?).”O Anjo Nasceu” ou “O estrangulador de Loiras”? “Família do Barulho” ou “Matou a família e foi ao cinema”? “Matou a família e foi ao cinema”.Lembro-me de ter anotado este poema-título em um de meus…
DESPOESIA – AUGUSTO DE CAMPOS, 1994
Despoesia, de Augusto de Campos, é, ao lado de Poesia completa e prosa, de Murilo Mendes, o mais importante lançamento do ano, apesar de estarmos ainda em agosto. A coletânea reúne, em quatro secções nomeadas “expoemas”, “intraduções”, “profilogramas” e “despoemas”, sua produção desde “Viva vaia”(1979). A polissemia do prefixo des colabora para a compreensão dos…
UM LUGAR PARA A VOZ DO POETA
Relançamentos de gravações de Drummond e Vinícius mostram que a leitura de poesia merece mais atenção Não deve passar sem registro o fato de que duas antologias poéticas foram relançadas no final de 1993: a de Vinícius de Moraes e a de Carlos Drummond de Andrade. Não em livro, mas em fita (cassete), com os…
MURILO LEVA O ATO CRÍTICO PARA O ESPAÇO DE SUA POESIA
Convergência, de 1970, escrito entre 1963 e 1966, foi o último livro de poemas publicado em vida por Murilo Mendes. O livro é, na extensão de seus 145 textos, desigual: alterna momentos altos, definitivos, com momentos baixos – aqueles nos quais as palavras perdem-se em paronomásias gratuitas. Esses momentos mais baixos, que não chegam a…
OS CUS DE JUDAS
Uma nota de 1992 sobre Os cus de Judas (Lisboa, Vega, 1979), de António Lobo Antunes (nascido em 1942), estampada no jornal português O Público, asseverava, com razão: “É impossível transmitir, num curto resumo, uma pálida noção sequer do tecido denso e engenhoso deste livro”. Este resenhista está, portanto, diante de um desafio e muito próximo do fracasso:…
“Silogismos de Cioran operam entre filosofia e poesia” – Régis BONVICINO
Folha de S. Paulo, 2 de março de 1991 Em “Silogismos da Amargura”, escrito em 1952, o filósofo heterodoxo E. M. Cioran opera, em pensamento e linguagem, entre a filosofia e a poesia em prosa. O ceticismo, que o próprio filósofo considera “a elegância da ansiedade”, aparece, neste livro, sob a forma de aforismos, frases…