trecho de
Grafito para Piranesi
Murilo Mendes
lido pelo detento Luís Carlos Gonçalves Galo
Qual o verbo adequado a estes cárceres?
Qual o adjetivo para estas moles,
Máquinas mono-mentais
Construídas à desmedida do homem?
Aqui o gatopardo perde a pátria
O vegetal e o mineral se arrepiam
Perdidos nestes vaticanos de ecos
Onde subir e descer: termos análogos
Igualmente para qualquer escadaria,
O homem sendo julgado pela pedra.
Aqui se percebe súbito:
Todo rei é falso.
Todo rei, ex-rei.
Roma, 1965
Créditos
Textos:
“Grafito para Piranesi” – Roma, 1965
Murilo Mendes
“Não nada”
“Estar vivo”
Régis Bonvicino
Música:
“Tatuagem”
Chico Buarque de Hollanda
Iluminação:
interno Roberto Aparecido Gomes
Trilha sonora e cítara:
Alberto Mariscano
Leitura de “Não nada”, “Estar vivo” e arranjo e interpretação de “Tatuagem”:
Péricles Cavalcanti
Supervisão técnica e caracteres:
Adelson Munhoz
Coordenador de produção:
Luiz Tadeu Correia
Áudio gravado no estúdio do Apoio
Argumento e roteiro:
Régis Bonvicino
Direção e criação:
Cássio Maradei*
As gravações foram feitas no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico André Teixeira Lima, com autorização expressa da diretora Odete Maria Vieira Lanzotti
Agradecimentos:
Psiquiatra Paulo César Sampaio, que acompanhou as gravações
Júlio Bressane
Uma realização:
VideoTrack
* Nota: Cássio Maradei (São Paulo, Capital)nasceu em 1966 e morreu em 2000. Estudou cinema na FAAP. Foiassistente de direçãode Júlio Bressaneno filmeGaláxia Dark (1992) e produtor executivo de O Mandarim (1995), também de Bressane, entre outros trabalhos cinematográficos.