… A borboleta é uma imagem bem comum na poesia romântica e moderna mas ossos de borboleta ? Quem senão Régis Bonvicino reproporia um oxímoro tão expressivo ? E, de fato, estes novos versos, tensos e articulados de maneira brilhante, estão sempre atentos à diferença que “ossos de borboleta” pode fazer. Ele observa, por exemplo, que o tempo tem um jeito de transformar não só coisas óbvias como flores e folhas mas até os grafites nas paredes, que se apagam, e a ausência deles estranhamente confrontam o observador com uma perda. Ele também sabe, dialogando intencionalmente com mestres norte-americanos como William Carlos Williams, Robert Creeley e George Oppen, que a colocação das pequenas palavras – entre, como, alguém – é tão importante como a de seus parentes mais pretensiosos, os grandes substantivos que se arvoram a designar verdades grandiosas sobre a experiência. Está é uma poesia na qual o delineamento é o “osso” e a “borboleta” está suspensa – o fio de arame onde palavra, morfema e até o silêncio do espaço em branco se tornam elementos grávidos de sentido.
… The butterfly is a common enough image in Romantic and Modernist poetry, but butterfly bones? Who but Régis Bonvicino would dream up such a telling oxymoron? And indeed, Bonvicino’s spare, minimal, taut, and brilliantly articulated new lyrics are every concerned with the difference that “butterfly bones” can make. He notices, for example, that time has a way of transforming, not only such obvious items as leaves and flowers, but that even the graffiti on the walls fade and that their absence oddly presents the observer with a loss. And he also knows – having putting himself to a “school” to U.S. masters as William Carlos Williams, Robert Creeley, George Oppen – that the location of the small words – entre, como, alguém – are as important as their more pretentious cousins, the big nouns that claim to point the great truths about experience. This is a poetry in which lineation is the “bone” on which the “butterfly” is suspended, the wire on which word, morpheme, even the silence of empty space, become elements pregnant of meaning.
Marjorie Perloff
1996